Knorr-Bremse instala nova linha de produção em Itupeva (SP)
Por: Adriana Matiuzo, Agência Indusnet Ciesp
23 de setembro de 2024 - Atualizado em 23 de setembro de 2024 às 17:29
A subsidiária brasileira da alemã Knorr-Bremse começou a produzir no Brasil o sistema eletrônico de frenagem e estabilidade EBS (Electronic Braking System), que será obrigatório para todas as carretas rodoviárias fabricadas no país a partir de janeiro de 2025. O uso do EBS em caminhões convencionais já é obrigatório desde o início deste ano.
Início da Produção e Investimentos
A nova linha de produção foi inaugurada em outubro de 2024, tornando a Knorr-Bremse o primeiro fornecedor a produzir esse tipo de freio para carretas no Brasil. O sistema EBS usa sensores para monitorar a estabilidade do veículo em tempo real. Caso o sistema detecte risco de tombamento, ele aciona automaticamente os freios individuais das rodas, evitando acidentes com o cavalo mecânico e a carga rebocada.
A produção local do EBS, batizado de iTEBS X, exigiu investimentos significativos: R$ 12 milhões em engenharia para adaptar o sistema às necessidades brasileiras e R$ 6 milhões em novos maquinários para a célula de produção na fábrica de Itupeva, SP.
Produção e Capacidades
O iTEBS X começou a ser produzido com uma capacidade inicial de 180 unidades por dia, o que equivale a cerca de 2.500 unidades por mês ou 35.000 por ano, em dois turnos de trabalho. A empresa já está atendendo aos principais fabricantes de carretas do Brasil, que começarão a produzir os veículos com o novo sistema em menos de três meses.
De acordo com Antônio Silva, gerente de vendas de sistemas para implementos rodoviários da Knorr-Bremse South America, a empresa tem a capacidade de fornecer até 90 mil módulos por ano e pode aumentar a produção conforme a demanda. A primeira expansão da linha está prevista para junho de 2025.
Retrofit para Transportadores
Além das encomendas de fabricantes de carretas, a Knorr-Bremse também está recebendo consultas de transportadores e embarcadores interessados em realizar o retrofit de suas carretas, substituindo o sistema de freios antigo pelo iTEBS X. Silva estima que esse mercado adicional possa representar de 10% a 15% das vendas do novo sistema.
“A troca é vantajosa para os transportadores, pois aumenta a segurança do veículo e reduz os custos com seguro”, explica Silva. Segundo ele, os acidentes graves com tombamentos são hoje o principal prejuízo para os transportadores, superando até os roubos de carga.
Expansão para a América do Sul
Embora a produção do iTEBS X seja inicialmente voltada para o mercado brasileiro, a Knorr-Bremse tem planos de exportar o sistema para toda a América do Sul após atender à demanda local.
Adaptações para o Mercado Brasileiro
A adaptação do sistema EBS para o Brasil exigiu um trabalho de nacionalização e ajustes técnicos. No Brasil, onde a maioria dos caminhões e carretas utilizam suspensão mecânica (85%), foi necessário criar um algoritmo diferente do utilizado na Europa, onde a suspensão pneumática predomina.
Enquanto na Europa o sistema calcula o peso do veículo com base na suspensão pneumática, no Brasil ele estima o peso com base na pressão dos freios. Além disso, a Knorr-Bremse desenvolveu duas versões do sistema: uma mais avançada, com mais funcionalidades, e outra mais simples e acessível.
Processos de Produção e Qualidade
Na fábrica de Itupeva, o processo de produção do iTEBS X é altamente automatizado e controlado por um software desenvolvido internamente. Apenas três pessoas operam as três estações de montagem e duas operam as estações de testes. Todos os módulos produzidos passam por um teste de funcionamento rigoroso antes de serem enviados aos clientes.
A célula de produção foi projetada para ser escalável, permitindo a adição de um turno extra para aumentar a produção conforme necessário.
Nacionalização e Expansão Local
Atualmente, o iTEBS X produzido no Brasil tem um índice de nacionalização de 45%, com 55% dos componentes importados, incluindo a central de processamento eletrônico, que é o "cérebro" do sistema. A Knorr-Bremse planeja aumentar a porcentagem de componentes locais para 60% até junho de 2025, o que ajudará a reduzir os custos com impostos de importação.